sábado, 3 de abril de 2021

Sete

 Ímpar. Primo. Especial. Único. Sete meses do resto de uma vida inteira que quero ao lado seu.


Com reticências. Sempre...







quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Ei, bonita

 Eu sonhei que lhe entregava outra coisa. Que talvez, a essa altura, você saiba. Talvez não. Mas, por peça do destino, eis que meus planos deram errado. Ou melhor, não seguiram a ideia original. E quer saber? Eu acredito que nada seja por acaso. Por que isso seria? 

A gente nunca sabe o que está para acontecer numa sexta-feira, às 23h43, num microblog famoso pelo humor duvidoso e rapidez com a qual o feed passa. A gente nunca sabe no que isso pode dar. A gente nunca espera, ou a gente espera demais. Não tem receita, né? Então, vou encarar o não acontecimento do sonho como algo tão natural como deve ser.

Em outros tempos, em outros momentos, em outras ocasiões, eu teria movido um mundo para essa tarde de quarta-feira. E talvez, algo dentro de mim, que tá sempre tão acostumada a dar, a prover, a movimentar, ache que eu devia ter feito tudo isso. Não pra te impressionar, porque eu confesso que tem muito pouco de mim que acredita que algo pudesse impressionar alguém. É, auto-estima, ou melhor, a falta dela, é mais um desses vários problemas que acometem mulheres, não é mesmo? 

E aí, pela primeira vez, eu estou prestes a seguir o caminho até alguém ~~supostamente~~ de mãos abanando. Supostamente porque, pela primeira vez também, a sensação é de que eu tô indo bem inteira. Bem conectada com minha vontade, minha curiosidade, meu desejo de estar perto de você, te ver, te tocar, te conhecer.

Pode ser que tenha tudo sido um grande desastre e que você esteja lendo isso agora sem aquele sorrisinho bobo no rosto. Eu, verdadeiramente, espero que seja o contrário. E se eu der sorte, espero contar com a ajudinha do mesmo imprevisto e implacável destino que mencionei no início, espero que tenha um pouquinho do meu cheiro aí em você. Se não rolar, resquícios de boas memórias do dia 2 de setembro já bastam.


E bom, voltando a meu devaneio, se supostamente apareço para você de mãos vazias, na prática tento te entregar o que eu penso ser melhor em mim. Ou mais coerente comigo. Eis minhas palavras. Você, que já me leu um bocado, hoje, é a razão das linhas que foram e das que estão a seguir. Hoje, é o que eu tenho a lhe entregar... É pouco, mas é realmente sincero.


Segundo o Dicionário Oxford, "deriva" significa "medida do desvio em relação ao funcionamento normal que um aparelho ou instrumento passa a apresentar com o decorrer do tempo."

Na teoria literária, nos estudos teatrais e eu diria até filosóficos, a "deriva" é uma ferramenta que nos leva a desviar do momento vivido e nos levar para outra experiência. Seria como caminhar em uma rua do centro de Belo Horizonte e se imaginar ou se conectar com as ruas de outro lugar, tempo e espaço. E é exatamente esse o movimento que ensaio por aqui, se você me permite. Estou, antes mesmo de lhe ver e de saber como diabos será, imaginando você, lendo essas baboseiras todas, com um sentimento bom. Estive, desde que eu propus que nos encontrássemos fazendo o mesmo movimento de deriva: imaginando como seria, como eu te daria oi, como eu me comportaria do seu lado. Eu acho que posso dizer, sem medo de soar patética, que você, por algumas vezes, me roubou de mim. Levou meu pensamento pra perto de você, e olha que eu nem mesmo havia lhe visto!!! Mas o curioso quando eu penso isso é que eu sinto que, ao me apresentar à você, na verdade, eu me conectei à mim. A textos, a histórias, a fatos e principalmente sensações que eu não lembrava mais, não esperava sentir, revisitar, relembrar... E por isso, e por hoje - ainda sem saber ao certo como será/foi - eu quero agradecê-la. Por aquela sexta-feira, 23h43 num microblog, e por todos os dias que nos trouxeram até aqui.


É gostoso te conhecer. 

E por fim, eu termino esse texto em reticências, o que quer dizer muita coisa...

terça-feira, 19 de junho de 2018

Dourado

O Douro, além da água mansa, leva com ele muito mais do que meus pequenos olhos conseguem ver. 
Carrega tantos versos e poemas, um bocado de lágrimas, tanta história quanto uma enciclopédia grande, tanta força quanto se pode ter.
As caves, os vinhedos, o vinho, o Porto e meu encantamento... Nada seria o mesmo sem o Douro.

Lá e cá

Dia de inverno em que o sol brilha com a intenção de nos enganar, ou nos fazer lembrar que ele existe.
Dia de saudade em que o coração bate mais forte ao lembrar do aconchego do lar e ao mesmo tempo da falta que o lado de cá fará.
Dia de domingo, mais um. Com ele, mais quatro e chega a hora do adeus.

Pé de goiaba

E por insistência, ainda que seus olhos percebessem o quão longe de madurar o fruto estivesse, ela subiu na árvore e colheu do pé.
O gosto amargo tomou conta de todo paladar, a culpa da colheita madura tomou conta dela por completo. A projeção do quão mais saborosa seria aquele fruto se colhido no momento certo invadiu seus pesadelos...
Tem sido dias difíceis e nunca antes se valorizou tanto o gosto da maturidade.

Resquícios

Inconstante sejas tu, óh humor!
Inconstante e preguiçoso sejas tu!
Desencorajado sejas tu, óh reflexo do espelho!
Desencorajado e autruísta!
No meu vocábulo já não cabem mais conselhos, gírias ou rimas tolas.
Nos meus olhos já não acumulam-se mais lágrimas...
Descrença! Eis que tu se faz presente.
Maldita então sejas tu, óh recorrente descrença!

Deriva


Levei os fones mas preferi não tirá-los da mochila. Optei por andar ouvindo os barulhos. Dentre eles, as vogais nas bocas de toda gente era o que mais me interessava. Que saudade desse sotaque! E segui. Pela Avenida Afonso Pena, com pão de queijo na mão e o olhar de criança. O mesmo encantamento que senti ao vir à BH pela primeira vez, quando minha idade preenchia uma mão cheia, ou pouco mais que isso. Naquela altura, recordo de que, ao pararmos no semáforo, o número de pessoas que se aglomerava para atravessar a rua fazia com que eu, meus irmãos e até meus pais vibrássemos: "Olha, olha! Um maaar de gente!" 
Vibrei parecido hoje ao perceber que eu fazia parte daquele mar.
Poetizei cada esquina do tabuleiro de xadrez belorizontino. Cada ambulante que me abordou. As vitrines de salgados e os marcadores de pedestre do semáforo que ao invés do usual bonequinho, trazia monumentos, prédios, igrejas...
Nós somos do papo, do contato, não importa se conhecidos ou não. Totalizei sete abordagens ao longo do meu caminho. Lá fora, havia dias em que absolutamente ninguém se dirigia a mim e que eu se quer ouvia minha voz.
Vi o pirulito betinense cartão postal de BH. Pequeno e grande. Me fez sentir em casa.
Os ônibus verdes, cinzas, azuis e amarelos. O caos próximo à rodoviária.
O "boa tarde" do motorista, totalizando a oitava inteiração do trajeto. 
Agora, a vista da janela do ônibus, a menina falando ao telefone e o casal reclamando do clima. Os bares lá fora, os olhares desconfiados de quem entra no veículo, a espera de quem fica lá fora.

Prevista como uma tarde normal, as horas sem fone na capital me fizeram feliz infinito.
E agora, as próximas horas gastas para os apenas 30km em direção à Betim não vai dar para poetizar não rs.